A Educação dos Meus Filhos. 1/2

por Doutor Paulo de Oliveira

À influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil, com o propósito de formá-lo e desenvolvê-lo, denominamos educação. Ela é parte integrante essencial da vida do homem e da sociedade e existe desde quando há seres humanos sobre a terra. A educação cristã tem por objetivo proporcionar ao educando não apenas a obtenção de conhecimentos variados uns dos outros e da sua própria constituição física e moral, mas também conceder uma visão integrada e coerente de vida, relacionada com o Criador e com os Seus propósitos. Isto só será uma realidade se as mentes forem formadas pelos ensinos das Santas Escrituras, ou seja, em que os preceitos do Senhor sejam a base para a educação. É o temor do Senhor o princípio da sabedoria!

O presente artigo reproduz, na verdade, o conteúdo de dois folhetos anteriormente publicados pela Editora Fiel. Eles se apresentam na forma de duas importantes perguntas no tocante à educação dos filhos. A primeira parte, procura responder a pergunta .quem é responsável pela educação de meus filhos?. e foi originalmente escrita pelo Dr. Paulo César Moraes de Oliveira. A segunda parte reúne diversos argumentos em resposta à pergunta .Por que a escola evangélica?.

Nosso objetivo em trazer novamente à lume estes dois singelos textos é que possamos examinar as nossas responsabilidades como crentes e fazer muito mais do que temos feito no sentido de promover os princípios bíblicos na educação dos filhos, e fomentar a promoção e disseminação da verdadeira educação cristã.

I – QUEM É RESPONSÁVEL PELA EDUCAÇÃO DE MEUS FILHOS?

A educação e a formação acadêmica tornaram-se uma constante preocupação de pais, em sua luta por garantir aos filhos um lugar adequado na sociedade. Diante de uma variedade de filosofias educacionais, os pais se vêem muitas vezes confusos em relação ao melhor caminho a seguir. Fortes correntes educacionais têm criado grande impacto não somente nas salas de aula, mas também em muitos lares conscientes de que a educação familiar é o alicerce para o desenvolvimento acadêmico da criança. Embora a discussão destas filosofias educacionais vá além dos limites deste artigo, cabe mencionar que a filosofia humanista, que considera o homem o centro do universo e deriva toda sua temática do pensamento humano, tornou-se a base dos diversos movimentos educacionais que vêm ganhando ímpeto neste século.

Entretanto, para os pais que têm suas vidas governadas pelos princípios das Escrituras Sagradas, a filosofia educacional a ser seguida é clara: .E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor. (Efésios 6.4).

Neste texto, o verbo criar (no grego) se refere a cuidar e nutrir com um foco específico na criação de filhos. Este cuidar compreende a educação desde a infância até à maturidade, isto é, o completo desenvolvimento do ser humano, abrangendo todas as dimensões de sua pessoa. Lucas refere-se a estas dimensões em relação ao desenvolvimento do Senhor Jesus Cristo nestes termos: .E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens. (Lucas 2.52).

Verificamos que Jesus se desenvolvia intelectualmente (em sabedoria), fisicamente (em estatura), espiritualmente (em graça diante de Deus) e socialmente (em graça diante dos homens). São estas as quatro áreas específicas a serem focalizadas no processo de criação dos filhos. O desenvolvimento sadio, consistente e equilibrado de uma criança não será completo, se uma destas áreas for negligenciada. Cultivar estas áreas de crescimento na vida dos filhos é levá-los a atingir a maturidade, a ponto de se tornarem obreiros aprovados, capacitados a fazer a vontade de Deus e, assim, glorificá-Lo.

O princípio vital para que a criação de filhos se realize biblicamente é que a desafiadora e importante tarefa de criar os filhos é responsabilidade exclusiva dos pais. A ninguém será pedido contas a respeito da criação de filhos exceto aos pais, a quem Deus explicitamente ordenou que criassem e se responsabilizassem pelo desenvolvimento de seus filhos.

Embora outros venham a influenciar o seu desenvolvimento, cabe aos pais filtrar esse fluxo de influências, pois o processo de criação como um todo é responsabilidade exclusiva deles. Essa tarefa, ordenada por Deus, é grandiosa e difícil, porém perfeitamente viável, pois Aquele que a ordenou também fornece os meios com os quais realizá-la. Deus não somente ordena que criemos nossos filhos, mas também que o façamos na disciplina e admoestação do Senhor.

Nosso segundo princípio é que a criação dos filhos em sua totalidade deve ser de acordo com a Palavra de Deus, sendo o objetivo maior que a criança seja transformada segundo a imagem de Cristo e chegue à sua estatura. No decorrer desta criação almeja-se que a criança se desenvolva com uma perspectiva bíblica que abranja todas as áreas de sua vida.

Deus e seus princípios não devem ser somente uma área a mais no desenvolver da criança, mas a base através da qual tudo deve ser visto e avaliado. Isso implica que, ao longo do processo educacional, tanto o ensino de preceitos morais quanto de História, Matemática, Estudos Sociais e demais matérias devem ser efetuados de uma perspectiva bíblica. Só assim a criança obterá uma compreensão completa e coerente da interação entre Deus, o homem e o universo. É apto para essa tarefa somente o educador cristão com um ponto de referência absoluto para distinguir o certo e o errado, a percepção correta da depravação total do homem e da soberania de Deus.

Assim, cada aspecto da criação dos filhos tem de ser arraigado em princípios bíblicos para que frutifique em louvor e glória Àquele que criou todas as coisas. Esta é a maneira ordenada por Deus para a criação de filhos e que se distingue claramente dos padrões seculares. Muitos lares cristãos aderem a uma mistura de padrões seculares com verdades bíblicas, na esperança de que estas prevaleçam; contudo, o modo de educar ordenado por Deus é claro, e sua adulteração, por mínima que seja, compromete os resultados.

Considerando esses dois princípios . os pais são responsáveis pela educação de seus filhos até a sua maturidade, e esta educação tem de ser de acordo com a Palavra . podemos concluir que qualquer pessoa ou entidade que colabore na criação e educação de filhos deva fazê-lo conforme a instrução dada aos pais, isto é, na disciplina e admoestação do Senhor.

Assim sendo, perguntemo-nos: estarão nossos filhos sendo ensinados por educadores que possuem o mesmo objetivo que o nosso, isto é, transformá-los segundo a imagem de Cristo? Há consistência entre aquilo que ensinamos a nossos filhos e o que eles estão aprendendo na sala de aula? Existe entre nosso lar e a escola uma disputa de interesses, princípios e objetivos? É sempre Cristo o centro na criação dos nossos filhos? Estarão nossos filhos aprendendo que só existe um Deus que nos ensina como avaliar todas as coisas ou estarão aprendendo que existem várias alternativas dentre as quais podem livremente escolher? Sem dúvida, tal inconsistência causa enormes danos em muitos lares cristãos onde o maior perdedor será nosso filho, que se vê em conflito diante de objetivos antagônicos. Crianças estão convivendo com essa duplicidade de enfoque que os enfraquece e os limita em um desenvolvimento completo, coerente e que glorifica a Deus.

2 comentários em “A Educação dos Meus Filhos. 1/2”

  1. Excelente texto. Excelente reflexão.

    Pessoalmente, acredito que a educação é a base para o desenvolvimento sustentável de qualquer sociedade.

    Quando partimos para a esfera cristã, encontramos muitos princípios relacionados a crescimento e desenvolvimento, dentre os quais Provérbios 22.6 : “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.”

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